Em meio ainda a disputas
internas no PT sobre a legitimidade do ex-prefeito de Sao Paulo, Fernando
Haddad, para substituí-lo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há
mais de três meses em Curitiba, mandou um recado nesta quinta-feira pelo
presidente da CUT, Vagner Freitas: Haddad é sua voz na campanha eleitoral enquanto
ele estiver na cadeia.
"Ele pediu para dar um
recado: Haddad é o porta-voz dele, a voz dele, as pernas dele, fala em nome
dele e vai representá-lo e viajar o Brasil em tarefa dada a ele pelo próprio
presidente", disse Wagner a jornalistas em Curitiba.
Haddad foi indicado domingo
passado, último dia permitido pela legislação eleitoral, para assumir como vice
na chapa com Lula, em uma composição em que Manuela D'Ávila, do PCdoB, foi
apontada como futura vice quando a situação de Lula se resolver, com a
confirmação ou impugnação de sua candidatura.
No entanto, a decisão não foi
tomada facilmente pelo partido, com grupos que resistiam ao nome do ex-prefeito
e defendiam o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner —que já havia avisado que
não queria o posto— ou mesmo a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann.
Apenas depois de uma carta de Lula, em que apontava Haddad como seu escolhido,
a indicação foi confirmada.
Apesar assim, segundo fontes
ouvidas pela Reuters, ainda há resmungos internos no PT.
"Ainda há quem diga que
Haddad não é orgânico do partido", contou uma delas, referindo-se ao fato
de que o ex-prefeito é visto por alguns dentro do PT como um novato nas
estruturas partidárias.
Esse grupo ainda defendia a
possível troca de Haddad por outro nome —novamente Gleisi ou Wagner— e que o
partido não deveria dar tanto destaque a Haddad como substituto de Lula para
não enfraquecer o nome do ex-presidente e passar a impressão de que Lula vai
desistir da candidatura.
Freitas, que dividiu nesta
quinta o dia de visita com Sharon Burrow, secretária-geral da Central Sindical
Internacional, ficou cerca de uma hora com o ex-presidente e, segundo ele
mesmo, conversou cerca de 20 minutos sozinho com Lula para tratar de questões
de estratégia política.
"É o porta-voz da
campanha Lula, é a voz do Lula enquanto ele estiver preso, e por isso ele tem
que ter visibilidade, tem que estar nos debates", disse Vagner.
"O que ele quer é
esclarecer a opinião pública. Ele quis esclarecer, 'Haddad é a minha voz, ele tem
que ter visibilidade'. Para parar esse diz-que-diz o presidente esclarece de
maneira enfática", disse Freitas.
