A filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Partido
Liberal (PL) no próximo dia 22 foi cancelada, informou a legenda em nota na
manhã deste domingo, 14. Segundo o texto assinado pelo presidente do partido,
Valdermar Costa Neto, a decisão foi tomada em comum acordo “após intensa troca
de mensagens durante a madrugada”. O anúncio ainda afirma que não há nova data
prevista para a filiação de Bolsonaro. Mais cedo, ao conversar com jornalistas
em Dubai, o presidente adiantou que a sua filiação não deveria mais ocorrer na
data prevista. “Estamos em comum acordo que podemos atrasar um pouco esse
casamento para que ele não comece sendo muito igual aos outros. Não queremos
isso”, disse o presidente.
Bolsonaro
afirmou que “tem muita coisa a conversar com Costa Neto ainda” para alinhar
pautas conservadoras, questões de interesse nacional e internacional e os
acordos políticos para as eleições de 2022. “Não é a minha bandeira que vai
ficar isolada no partido dele. Nós queremos um projeto de Brasil, e o discurso
não é apenas o meu, é do presidente do partido também.” Entre as questões para
acertar, Bolsonaro citou o apoio da legenda em candidatos a governador em 2022.
“A gente não vai aceitar, por exemplo, apoiar alguém do PSDB em São Paulo. Não
tenho candidato ainda”, disse, citando que o ministro da Infraestrutura,
Tarcísio de Freitas, pode sair na disputa no ano que vem. “É um casamento que
tem que ser perfeito. Se não for 100%, que seja 99%”, disse o presidente.
A
filiação de Bolsonaro ao PL foi comunicada aos dirigentes da sigla na
segunda-feira, 8, após intensa movimentação nos bastidores. Além da legenda de
Costa Neto, havia a expectativa que o presidente fosse para o Partido
Progressista (PP). Após o anúncio, a cúpula da sigla trabalhou para viabilizar
chapas e palanques para as eleições de 2022. O chefe do Executivo federal pediu
autonomia para indicar aliados em locais considerados importantes, com foco em
montar uma bancada robusta, sobretudo, no Senado, onde o governo tem acumulado
derrotas. O plano, no entanto, esbarrava nos projetos para São Paulo, onde a
legenda do Centrão tem um acordo com o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB),
que disputará o pleito para tentar suceder o governador João Doria (PSDB).